Além de garantir uma vaga no “top 5”, baiano ganhou R$ 100 mil por conquistar a liderança desta semana
Após 92 dias de confinamento e muitas provas perdidas, o baiano Davi Brito conseguiu a sua primeira liderança no Big Brother Brasil 24 (BBB 24), reality show da Rede Globo, na madrugada desta segunda-feira (8/4) em uma dinâmica de mini golfe. Além de garantir uma vaga no “top 5” do programa, o motorista por aplicativo ainda ganhou R$ 100 mil na liderança desta semana.
Em uma conversa com a dançarina Isabelle Nogueira no quarto do líder, o baiano contou que este dinheiro recebido na prova será para comprar uma casa para sua família que morava em uma área de risco no bairro de Cajazeiras, em Salvador. O imóvel chegou a ser notificado pela Defesa Civil como impróprio para moradia.
Em março, o apresentador Alex Lopes, por meio da TV Aratu, presenteou a família do baiano com o aluguel de um apartamento em Salvador. Após se emocionar falando sobre o bairro de Cajazeiras, onde morou por muitos anos com o filho, ela contou ao apresentador que pediu a Deus para que “pudesse dormir em uma cama sem ter medo do barraco despencar quando chovesse”.
No programa, Davi contou sobre a importância de estar no programa com a possibilidade de realizar grandes sonhos como dar uma casa para a família e estudar para se tornar um grande médico ou até presidente do Brasil. Na conversa, Davi reforçou a importância dessas conquistas e dos desafios de ser um jovem negro em uma sociedade racista, que colocam um homem preto e pobre em um lugar inferior aos outros.
“É difícil chegar em um topo desses aqui. Por mais que falem que o público gosta de você, sabemos que existe racismo. O racismo existe. Ainda hoje, pessoas olham diferente para as pessoas que são pretas, que não têm muitas condições. É complicado”.
Veja o relato abaixo:
Reforçando as falas de Davi, a Câmara Municipal de Salvador aprovou nesta última quarta-feira (3/4) a concessão da medalha Zumbi dos Palmares ao participante durante sessão plenária. A honraria é concedida a pessoas que, de algum modo, se destacam na luta contra o racismo e a favor da cultura afro-brasileira.
O texto destaca, na justificativa para conceder a medalha, que Davi, desde jovem, “enfrentou dificuldades financeiras, trabalhando desde cedo para contribuir com as despesas da casa”.
PRECONCEITO
Na trajetória no reality, o baiano protagonizou brigas com outros participantes, sendo xingado de palavras como “nojento”, “psicopata”, “monstro” e “tóxico”. Nas redes sociais, internautas apontaram situações em que o motorista sofreu racismo de outros jogadores, como na fala da confeiteira Fernanda Bande de que Davi poderia sair do programa e procurar emprego de segurança de prédio.
A cantora Wanessa Camargo, que foi desclassificada por agressão ao baiano, utilizou as redes sociais para pedir desculpas a Davi Brito e admitiu ter cometido “racismo estrutural” contra o motorista por aplicativo. “A gente acaba praticando sem perceber, sem se dar conta do quanto isso afeta uma população já tão machucada e discriminada por séculos”, disse Wanessa, que, depois, apagou a publicação com o vídeo.
Nas redes sociais, o Ministério Público estadual (MP-BA), por meio da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo, instaurou procedimento para apurar notícia de fato que relata práticas racistas cometidas contra o participante nas redes sociais.
Segundo a promotora de Justiça Lívia Sant’Anna Vaz, “As pessoas têm ficado muito à vontade para manifestar ódio nas redes sociais, seja racial, de gênero, de orientação sexual, acreditando que estão na clandestinidade, que não serão descobertas. Mas nós temos instrumentos jurídicos e tecnológicos para descobrir a autoria deste tipo de mensagem”.
