Pacientes da Hapvida ficam cegos após cirurgia de catarata; jovem perdeu o olho

Saúde
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Hapvida recomendou transplante, mas não resolveu situação de pacientes

Pelo menos cinco pessoas, clientes do plano de saúde Hapvida, ficaram cegas após passarem por uma cirurgia de tratamento contra catarata. Nesta terça-feira (7), uma idosa denunciou o caso e a filha dela, que vem acompanhando todo o ocorrido, conversou com o BNews.

Logo no dia da cirurgia, em setembro de 2022, uma situação deixou a idosa em alerta: um colírio, utilizado por cada paciente antes de realizar o procedimento, causou grande dor a um dos pacientes, que chegou a desmaiar e ser levado para outro local do hospital em uma maca.

O médico responsável, contudo, não suspendeu a cirurgia. O jovem, que sentiu a dor com o colírio, realizou o procedimento mesmo assim, e acabou perdendo o olho após a cirurgia.

“O primeiro paciente, que estava na frente dela, foi Francisco. Logo quando colocaram o colírio, ele passou mal. Minha mãe presenciou isso e pediu uma maca. Mas mesmo assim, com o primeiro paciente passando mal, eles continuaram fazendo o procedimento”, contou Juciara Correia, filha da vítima, Helena Correia.

Outros pacientes, que não sabiam do resultado da cirurgia do jovem, realizaram o procedimento também. Cinco pessoas acabaram ficando cegas, incluindo Helena, que já saiu da sala de cirurgia sem a visão de um dos olhos.

Helena e a filha, então, partiram para uma consulta médica com um especialista de outro plano de saúde, que recomendou que a mulher realizasse um transplante para voltar a enxergar. A idosa e Juciara solicitaram o procedimento, que só foi custeado pela Hapvida após a vítima aceitar assinar um documento que isentava o plano de saúde de qualquer problema que ocorresse após o transplante.

Helena já realizou três transplantes para tentar reverter o ocorrido, mas nenhum procedimento resolveu o problema e, atualmente, sua visão é tomada por vultos.

“Eles só pagaram o custeio para nós irmos à Sorocaba (SP) se assinássemos um contrato, nos responsabilizando sobre qualquer coisa que acontecesse depois dali. Fomos para São Paulo no dia 7 de dezembro, minha mãe fez o primeiro transplante, infelizmente, sem sucesso. Depois de nove meses, ela sem enxergar, houve a rejeição da córnea e minha mãe passou por um retransplante no dia 13 de setembro. A vida da gente mudou completamente, eu acompanho minha mãe em todas as consultas”, explicou Juciara.

A filha de Helena explicou como a vida da mãe mudou após a cirurgia, declarando que a mulher já não sai mais para caminhar na rua. “Eu e toda a minha família sofremos muito porque ver o sofrimento dela, o incômodo, uma pessoa que saiu enxergando para melhorar a visão e voltar sem enxergar…”, desabafou a mulher.

Dos cinco pacientes que ficaram cegos e fizeram transplante, três não conseguiram voltar a enxergar e dois vêem apenas vultos. Um deles perdeu o olho.

Ao BNews, o advogado Lucas Muhana, que defende três pacientes, declarou que o caso já parou na Justiça.

“A gente tá pedindo danos morais, danos estéticos (…) Como o plano simplesmente negou a fazer tudo, aí a gente não teve outra solução senão ir pra justiça”, declarou a defesa. Segundo Muhana, o documento feito pela Hapvida para se isentar da “culpa” por quaisquer transtornos é ilegal.

O BNews entrou em contato com a Hapvida, que ainda não respondeu sobre o ocorrido. A matéria será atualizada assim que obtivermos um posicionamento.

Via BNEWS