Água de coco, acarajé e caldo de cana ficam mais caros no verão: preço dos produtos cresce até 100%

Bahia
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Alta demanda é a principal explicação para encarecimento das iguarias mais consumidas na alta estação

A primeira coisa que o cliente pede na barraca de Sérgio Silva, 59 anos, em Piatã, é uma água de coco bem gelada, um dos itens mais queridos pelos amantes de praia. Neste verão, no entanto, o produto, que já costuma aumentar tão logo começa a alta estação, inflacionou e está sendo vendido até pelo dobro do preço. Com o acarajé, iguaria preferida para acompanhar a água de coco ou a cerveja gelada, acontece a mesma coisa. O quitute, que antes era vendido por R$ 10, saltou para R$ 15 no tabuleiro da baiana.

Em outubro de 2023 os clientes pagavam R$ 3 por um coco gelado na barraca de Sérgio. Hoje, cada unidade sai por R$ 6, ou seja, 100% de aumento. A justificativa para o aumento de preço é que no Verão, a mercadoria também custa mais para o comerciante, entre R$ 3 e R$ 3,50, o que representa um aumento de até R$ 2,50 por unidade, já que o produto saoa por R$ 1 para revenda antes do começo da alta estação.

“Tem que vender porque não tem jeito, o cliente pede o produto. Aqui em Piatã o coco custa R$ 6 e todo mundo vende nesse valor. Talvez o cliente encontre de R$ 5, a depender do tamanho do coco”, diz Sérgio.

Seguno ele, não há uma previsão de queda do preço do produto. Isso porque os distribuidores já informaram que a tendência é aumentar ainda mais até o Carnaval. Além do encarecimento na distribuição do coco, Ségio revela preocupação também com o preço do gelo. Um saco de 20kg é adquirido por, no mínimo, R$ 13, valor que também deve sofrer alterações e passar para R$ 15 até o Carnaval.

“Você coloca o gelo no coco e dentro de uma hora e meia já derreteu tudo e tem que comprar outro saco”, afirma o comerciante. Por dia, Sérgio compra, em média, cinco sacos de gelo. Se trabalhar todos os dias da semana, tem que desembolsar R$ 455 só com gelo durante o mês.

Em Amaralina, Alessandra dos Santos, 38, que trabalha com uma barraca de bebidas na praia há 10 anos, também teve que aumentar o valor da água de coco de R$ 4 para R$ 5 em razão do aumento no distribuidor. Além de desembolsar um valor mais caro por cada unidade de coco, a comerciante sai de Amaralina semanalmente para comprar o estoque de sete dias no Comércio, o que gera um gasto de R$ 100 com táxi.

Acarajé

Um dos itens mais consumidos dentro e fora das praias, o acarajé de Carmen, em Amaralina, custava R$ 10 em outubro e agora custa R$ 15. O aumento também foi registrado para a venda das porções. Um prato com 13 bolinhos, que custava R$ 20, agora vale R$ 25.

A filha de Carmen, Rosana dos Santos, 39, que também trabalha no tabuleiro, afirma que o aumento é resultado da alta demanda e da elevação nos custos com os ingredientes primários da iguaria, como o feijão, o quiabo e o camarão. “Tudo aumenta no verão, desde o feijão até o azeite. Além disso, a cidade é turística, vem muita gente para cá, e isso também influencia”, afirma.

Taís Divino, 18, trabalha na barraca de acarajé de uma amiga, em Piatã. Lá, o aumento também foi de 50% para o bolinho único, com vatapá, caruru e salada. Antes da alta estação, a unidade era vendida por R$ 10. Hoje, o cliente leva o quitute por R$ 15. A porção com 12 bolinhos ficou R$ 7 mais cara, saiu de R$ 15 para R$ 22. Na barraca, a porção da passarinha também ficou mais cara e subiu de R$ 18 para R$ 22.

A explicação também é o aumento no fluxo de clientes e no preço dos ingredientes. “Nesse período, a praia fica mais cheia e é nesse momento que nós aproveitamos para fazer um dinheiro extra e temos a oportunidade vender. Além disso, tem o encarecimento do material do acarajé”, diz Taís.

Nem o caldo de cana escapa da inflação. Ainda em Piatã, Idelbrando da Natividade, 62, que trabalha com a bebida há 24 anos, diz que o aumento da iguaria deve ocorrer em fevereiro, com um acréscimo de 20% em todas as unidades. Hoje, os copos de 300ml, 400ml, 500ml e 770ml são vendidos por R$ 5, R$ 6, R$ 8 e R$ 12, respectivamente. A partir do próximo mês, cada dosagem ficará R$ 1 mais cara.

Alta demanda

O economista Denilson Lima, coordenador da Pesquisa de Índice de Preços ao Consumidor da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), explica que o acarajé, a água de coco e o caldo de cana encarecem por conta da época do ano.

“Provavelmente, esses produtos ficam mais caros por causa do aumento da demanda. Muitas pessoas tiram férias nessa época, muitos turistas estão em Salvador e é um período pré-Carnaval. Isso contribui para maior uma disponibilidade de consumidores”, explica.

Segundo ele, o aumento dos produtos segue a clássica lei da oferta e da procura: quando a demanda por um produto aumenta, o ofertante, ou seja, p vendedor, aumenta o preço, pois é o momento de obter maior lucro. “Muito provavelmente, outros produtos consumidos nesta época, como refrigerantes e cervejas, também ficam mais caros”, comenta o economista.

*Com a orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo