Primeira entre os nove irmãos a se formar em um curso superior, Raimunda compartilha que, graças à sua experiência, familiares voltaram a estudar.
Ao deixar a cidade de Amélia Rodrigues, em 2018, para cursar Serviço Social em Cachoeira, Raimunda Batista enfrentou incertezas e precisou se reinventar para lidar com inúmeros desafios.
Com muita coragem e determinação, ela se tornou a primeira estudante tetraplégica a se formar na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. A cerimônia de colação de grau foi realizada em 25 de setembro de 2024, no auditório do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL/UFRB).
Raimunda conta que a decisão de voltar a estudar, após o acidente que a deixou tetraplégica, surgiu a partir de uma conversa com uma amiga de infância.
“Eu relatei que não aguentava mais ficar sem fazer nada, ainda mais que minha vida era bem movimentada e de repente tudo mudou completamente. Fiz o Enem e fui contemplada; sou cria de cota para pessoa com deficiência”. Ela escolheu a UFRB, destacando que “um dos motivos foi por ser uma universidade renomada que nasceu a partir de lutas sociais históricas”.
A escolha pelo curso de Serviço Social, inicialmente por conveniência, logo se transformou em identificação e paixão pela área.
Morando sozinha em uma cidade diferente, Raimunda diz que contou com a ajuda de colegas na adaptação à Cachoeira e à UFRB. Os primeiros anos foram mais desafiadores, com a falta de acessibilidade arquitetônica, metodológica e pedagógica. No entanto, essas dificuldades e nem mesmo a pandemia da covid-19 a fizeram desistir do curso. Ela recalculou a rota e voltou para Amélia Rodrigues, continuando a assistir às aulas on-line.
Com a volta das aulas presenciais, Raimunda começou a viajar 50 quilômetros entre Amélia Rodrigues e Cachoeira, duas ou três vezes por semana. Para isso, contou com o transporte fornecido pela UFRB, além de uma profissional de enfermagem para auxiliá-la e de outras ações do Núcleo de Políticas de Inclusão (NUPI).