Turismo de luxo em Balneário Camboriú empurra trabalhadores para cidades vizinhas
A cidade de Balneário Camboriú, localizada no litoral norte de Santa Catarina, é conhecida pelo turismo de luxo – com prédios gigantes à beira do mar, alguns com um tipo de estacionamento específico para moto aquática. E não é difícil encontrar trabalhadores locais que dormem na cidade ao lado.
“A empresa disponibiliza uma casa para os funcionários lá em Camboriú (cidade vizinha a Balneário). Para pessoas que vêm de fora. Então, eu trabalho aqui em Balneário Camboriú, mas moro em Camboriú”, diz o paulista Keven Iuri que integra uma equipe de marketing de uma empresa ligada ao turismo, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
Camboriú é uma cidade de 82.989 habitantes que fica ao lado da conhecida Balneário Camboriú. Apesar de levar quase o mesmo nome da cidade vizinha e de, inclusive, já terem feito parte do mesmo município, Camboriú caminha hoje de forma independente.
Segunda menor cidade de SC em área territorial, Balneário Camboriú foi criada a partir do desmembramento de Camboriú na década de 1960 e não há uma divisa evidente entre as duas cidades para quem está passando pela região. Com isso, as pessoas acabam usando a BR-101 para dividir um município do outro.
Balneário estaria à direita de quem vai em direção a São Paulo pela rodovia. No entanto, algumas poucas quadras à esquerda ainda pertencem a Balneário. Apesar da proximidade, há problemas de trânsito e de transporte público no deslocamento dos trabalhadores entre as cidades.
“Transporte aqui nesta região tem que ser intercidades. Mas cada cidade quer ter seu transporte. Em Balneário, criaram a tarifa zero, mas são poucos ônibus, só rodam em dias de semana e nas principais avenidas. É limitadíssimo. E o trânsito é um problema sério”, diz Rodrigo Vieira, à frente do Sindisol (Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Balneário Camboriú e Região).
O prefeito de Balneário, Fabrício Oliveira (PL), diz que “a especulação imobiliária é legítima” e se refere aos altos prédios como “um arrojo que ajudou a cidade”. Ele afirma, contudo, que é possível modificar o Plano Diretor para permitir que “algumas áreas possam ter verticalização desde que os trabalhadores tenham acesso a esta moradia”.