A tenente-coronel Roseli Santana foi uma das primeiras mulheres a ingressar na corporação
Caminhada árdua, capacidade questionada, oportunidades negadas. Quantitativo desproporcional, mas resiliente. Entraram para ensinar, para provar, para oportunizar, para permanecer. Tardio, mas histórico. Assim foi o ingresso das mulheres na Polícia Militar da Bahia (PMBA), instituição que completa 200 anos no próximo dia 17 de fevereiro, mas que só começou a contar com policiais femininas (Pfems) a partir de 1990, ou seja, 165 anos após sua criação.
Não se pode falar do bicentenário da PMBA sem destacar esse marco histórico. E, apesar de o número de mulheres ainda ser inferior ao de homens, é crucial tornar pública e reconhecer a história inspiradora que as atuais 5.135 Pfems vêm escrevendo na corporação e na sociedade.
Um dos principais marcos recentes ocorreu em 2023, quando a tenente-coronel Roseli Santana Ramos se tornou a primeira mulher a comandar um batalhão na história da PMBA. À frente do Batalhão de Policiamento de Proteção à Mulher (BPPM), ela também integrou a primeira turma, em 1990, que contou com policiais femininas. Em entrevista ao BNEWS, a oficial falou sobre sua trajetória, as dificuldades enfrentadas e, principalmente, o orgulho de fazer parte dessa história.
“A nossa corporação foi uma das últimas entre as polícias militares dos estados brasileiros a permitir a entrada de mulheres. A Polícia Militar de São Paulo, que é uma referência, já tinha mulheres desde 1955. A Bahia só fez isso 35 anos depois, em 1990, quando entrou a primeira turma de soldados militares femininos, e no mesmo ano, a primeira turma de sargentos. Eu ingressei em 1990, na primeira turma mista da Polícia Militar da Bahia, com homens e mulheres na mesma sala. Fomos apenas 10 mulheres”, contou a tenente-coronel.
“Tenho muito orgulho, honra e reconhecimento por ter o prazer de entrar para a história da Polícia Militar da Bahia como a primeira mulher a comandar um batalhão. Passamos por muitas dificuldades. Foram muitos obstáculos a superar, principalmente a discriminação. Eu vim de uma família muito humilde, mas a PM me deu régua e compasso. Sou grata à corporação, pois ela me proporcionou a chance de alcançar outros patamares, promoções e funções que talvez eu não teria alcançado se não tivesse ingressado”, completou a tenente-coronel.
De uma geração mais recente, a soldado Tainã Martinez, única mulher no pelotão de motociclistas do Batalhão de Polícia de Pronto Emprego Operacional (BPEO), é mais um exemplo da história notável das mulheres na PMBA. “Eu ingressei na PM em 5 de setembro de 2021. Assim que me formei, vim para essa unidade. Eu não esperava ir para esse local, pois é uma unidade predominantemente masculina, e sou a única mulher. No começo, senti medo, mas com o tempo fui me acostumando e gostei muito da experiência”, disse Tainã.
“Eu me sinto muito desafiada, mas a cada serviço, tenho a certeza de que não existe outro lugar onde eu preferiria estar. Também me sinto privilegiada por fazer parte da instituição como um todo. Sou grata por estar aqui e tenho esperança de que outras mulheres também ocuparão esse espaço no futuro”, afirmou a soldado.
Confira aqui uma galeria histórica com outros principais marcos da PMBA ao longo dos 200 anos de existência.