Opinião: resultados, teimosia e entrevistas foram os pecados de Renato Paiva no Bahia

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Apesar de título estadual, português não emplacou e colecionou resultados ruins; entre eles, goleada por 6 a 0 para o Sport, eliminação precoce no Nordestão e luta contra queda na Série A

Renato Paiva foi o treinador escolhido para iniciar a parceria do Bahia com o Grupo City. Ele sobreviveu no cargo por nove meses, mas pediu demissão após uma combinação de resultados ruins, poucas soluções e seguidas entrevistas com declarações que mais geravam atrito com o torcedor. O ge listou os principais pecados do técnico português em terras brasileiras.

Paiva foi contratado em dezembro de 2022. Ele deixa o Bahia após 51 jogos, com 20 vitórias, 15 empates e 16 derrotas – aproveitamento de 49%.

 

Resultados

 

Renato Paiva não é mais o técnico do Bahia — Foto: Letícia Martins/EC Bahia

Renato Paiva não é mais o técnico do Bahia — Foto: Letícia Martins/EC Bahia

Como quase sempre acontece no futebol brasileiro, o principal motivo para a saída de Renato Paiva é o resultado dentro de campo. O Treinador teve como ponto alto o título do Campeonato Baiano, mas nunca conseguiu entregar bom desempenho diante das equipes mais competitivas. Como consequência, o Tricolor luta contra o rebaixamento na Série A do Brasileiro.

 

No início desta temporada, o Bahia ainda amargou uma eliminação na primeira fase da Copa do Nordeste. Entre os resultados mais marcantes estão as goleadas sofridas para Fortaleza (3 a 0 na Arena Fonte Nova) e Sport (6 a 0 na Ilha do Retiro).

 

Renato Paiva deixa o Bahia com apenas cinco vitórias, 11 derrotas e 11 empates em 27 jogos contra equipes da Primeira Divisão – aproveitamento de 32%. O número é bem abaixo dos 49% de rendimento que ele somou no geral desta temporada.

 

Teimosia

 

Renato Paiva em entrevista coletiva após derrota para o Athletico — Foto: Rafael Machaddo / EC Bahia

Renato Paiva em entrevista coletiva após derrota para o Athletico — Foto: Rafael Machaddo / EC Bahia

Quando desembarcou em Salvador, Renato Paiva mostrou estar conectado da realidade do futebol brasileiro. Foram nove meses com justificativas variadas para os problemas da equipe e mínimo reconhecimento dos erros, por mais que eles fossem escancarados jogo após jogo.

 

O Bahia chegou a ter apenas uma vitória dentro de uma sequência de 18 jogos, período em que o treinador encontrou diferentes justificativas para o momento conturbado, sem nunca fazer um mea-culpa.

 

O treinador não reconhecia os reais problemas do time nas derrotas e, nas raras vitórias conquistadas, aproveitava para exaltar um trabalho que ainda assim mostrava dificuldade, a exemplo do 3 a 1 sobre o América-MG, concorrente direto do Tricolor contra o rebaixamento.

 

Apesar de experiente, o treinador também não mostrou reagir bem a críticas. Em uma oportunidade disse estar cheio de mensagens com o reconhecimento do trabalho no celular. Em outra, chegou a insunuar uma perseguição da imprensa local e garantiu que o trabalho à frente do Bahia era reconhecido nacionalmente.

 

Após a última partida, no empate em casa com o Vasco, reclamou por ter sido chamado de “burro” pelos torcedores da Arena Fonte Nova. De acordo com ele, uma postura que só é vista nas arquibancadas do Brasil.

 

– E o Brasil, estou encantado, adoro esse país, vim porque quis, mas é o único país que chamam os treinadores de burro. Já estive em Portugal, na Europa, no Equador e no México. Nunca me chamaram de burro – disse na última entrevista coletiva.

 

Entrevistas

 

Guilherme Bellintani, Renato Paiva e Carlos Santoro na apresentação do treinador — Foto: Renan Pinheiro

Guilherme Bellintani, Renato Paiva e Carlos Santoro na apresentação do treinador — Foto: Renan Pinheiro

A primeira impressão de Renato Paiva no Bahia foi muito positiva. Uma entrevista marcada por respostas completas, opiniões diretas e frases de impacto. Naquele momento, o microfone aparecia como um aliado do treinador, mas o cenário dos meses seguintes foi bem diferente.

 

Uma entrevista coletiva atrás da outra, Renato Paiva passou a colecionar declarações que só diminuíram o prestígio dele com o torcedor. Embora ele tenha deixado claro que isso não era um problema, já que “quem manda no Bahia agora é o Grupo City”.

 

Também não caiu bem quando o português disse estar “tranquilíssimo” após o Bahia ser goleado por 6 a 0 para o Sport.

 

Após outro revés, dessa vez para o Athletico, ele afirmou que o problema do Bahia não era o treinador porque “se fosse o problema o time não jogava tão bem”.

 

Quando empatou com o Corinthians na Arena Fonte Nova, em meio a uma sequência de 16 jogos com apenas uma vitória, ele pediu paciência e pontuou que “a equipe não ganha, mas também tem empatado, não perde sempre”.

 

Sem resultados em campo, sem um reconhecimento de que era preciso melhorar, e com declarações que jogavam contra a própria torcida, Renato Paiva viu o trabalho no Bahia chegar ao fim de forma oficial na noite da última quarta-feira. Resta saber qual vai ser o próximo passo do treinador e também do clube.