Nem 6×1, nem 5×2! Brasileiros querem outro regime de trabalho, diz Abras

Especialista declarou que jovens desejam maior liberdade

Durante a abertura do Apas Show, maior feira de alimentos e bebidas da América Latina, representantes do setor supermercadista comentaram sobre o debate atual que envolve os trabalhadores brasileiros. Foi discutido, principalmente, sobre o fato de os mais jovens desejarem liberdade para escolher como e quando trabalhar.

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o modelo tradicional de jornada fixa está perdendo força, e a contratação por hora surge como uma alternativa promissora.

O presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Erlon Ortega, afirmou que, atualmente, há cerca de 35 mil vagas abertas no setor apenas no estado de São Paulo. O problema? A dificuldade de preencher esses postos.

“O jovem não quer mais o modelo antigo de trabalho. Ele quer mais flexibilidade, mais liberdade”, disse Ortega, defendendo o modelo horista como caminho viável para atender essa nova demanda da força de trabalho.

Ortega também destacou que os supermercados deveriam ser reconhecidos como serviços essenciais, sobretudo após o papel fundamental que desempenharam durante a pandemia. “Somos essenciais para o abastecimento desse país e mostramos isso na prática”, reforçou.

A fala é enaltecida por João Galassi, presidente da Abras, que argumenta que nem os modelos 6×1, 5×2 ou 4×3 atendem mais aos interesses dos trabalhadores.

“O que é melhor para os nossos colaboradores é a liberdade de poder escolher sua jornada de trabalho. Isso só será possível com a liberdade de ser contratado por hora”, defendeu.

Segundo Galassi, o contrato por hora não só traz benefícios ao trabalhador, como também ao empregador. Ele garante que a modalidade pode ser formalizada com carteira assinada, mantendo os direitos trabalhistas proporcionais, como férias, FGTS e 13º salário.

Além disso, afirma que o modelo oferece ao funcionário a possibilidade de decidir sua própria carga horária de acordo com seus objetivos pessoais. “Ela tem que ter o direito de garantir sua ambição pessoal, de escolher se quer ganhar mais ou menos. É o mesmo princípio da flexibilidade dos motoristas de aplicativo”, comparou.

Entidades apontam riscos sobre regime de trabalho

Apesar do entusiasmo do setor supermercadista, o contrato por hora não é consenso. A modalidade está prevista na reforma trabalhista de 2017, que foi confirmada como constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2024. No entanto, entidades que representam categorias como frentistas e operadores de telemarketing continuam críticas ao modelo.

Para essas organizações, o contrato intermitente, modalidade que permite pagamento por hora ou dia trabalhado, favorece a precarização do trabalho, com rendimentos abaixo do salário mínimo e dificuldade para mobilização sindical.

Críticos apontam ainda que a imprevisibilidade da renda mensal dificulta o planejamento financeiro do trabalhador.

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