Suspeito foi identificado como Luis Alexandre de Oliveira Lessa, de 20 anos
O soldado do exército que se autointitulava como ‘Hitler da Bahia’, preso em novembro, durante o cumprimento da Operação Nix, em Salvador, foi identificado como Luis Alexandre de Oliveira Lessa, de 20 anos. Ele liderava um grupo de adolescentes no Telegram que praticou estupro virtual, com incentivo à automutilação, pedofilia e “violência por diversão”.
A informação foi divulgada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Lessa comandava um grupo chamado ‘Panela Country’, no aplicativo de mensagens Telegram. A operação, que agiu simultaneamente em São Paulo, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Distrito Federal, prendeu Lessa e apreendeu três adolescentes.
De acordo com o Uol, o grupo foi fundado por dois adolescentes e passou de 600 membros. Os menores de idade que foram apreendidos eram conhecidos no ambiente virtual como Inative e Nêmesis. Já Lessa, o Hitler da Bahia ou Sagaz, é apontado pelo MP como um dos líderes, e o único maior de idade.
Os membros “comemoram e se divertem à custa do sofrimento alheio, demonstrando pouca ou nenhuma empatia pelas vítimas, sejam humanas ou animais”, afirmou o desembargador Teixeira de Freitas, do Tribunal de Justiça (TJ-SP), após negar pedido de habeas corpus feito pela defesa de Lessa.
Ainda segundo a reportagem do Uol, o aliciamento para o grupo ocorria com desafios, que viravam manipulações emocionais e explorações sexuais. Os recrutados cumpriam tarefas para serem aceitos, como escrever o nome do grupo na própria pele utilizando algum objeto cortante e depois mandar uma foto íntima para o grupo.
Os jovens fornecem voluntariamente imagens comprometedoras, como forma de fortalecer laços afetivos, mas acabam se tornando vítimas de chantagem sexual”, diz trecho da denúncia do MP.
Geralmente, as vítimas eram mulheres, mas meninos também sofriam ameaças e extorsões. Os responsáveis pela coerção eram majoritariamente adolescentes homens, que obrigava as vítimas a exibir-se sexualmente e realizar atos libidinosos contra a sua vontade, em sessões ao vivo.
A denúncia dizia ainda que animais — como gatos, cachorros, pássaros e sapos — também eram violentados em sessões de tortura. Lessa é apontado também como líder de um ataque em massa contra uma jovem de 16 anos e sua família. Ele expôs fotos íntimas da jovem e dados pessoais de amigas e parentes da vítima. Um dos adolescentes apreendidos confirmou em depoimento que circulava fotos íntimas e de mutilações de menores de idade no Telegram.
Luis Alexandre de Oliveira Lessa foi denunciado pelos crimes de pedofilia, violência psicológica contra mulher, cyberbullying (intimidação sistemática virtual), perseguição, incitação ao crime, divulgação de pornografia, invasão de dispositivo de uso da polícia e divulgação de informações sigilosas.
Por ser militar do exército, o soldado foi levado para o 6º Batalhão de Polícia, mas, nesta semana, a Justiça autorizou sua transferência para uma cadeia pública enquanto aguarda julgamento.