Esporte como inclusão social: Conheça o Programa Paradesporto em Rede da Ufba

Esportes
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Para além dos exorbitantes salários da minoria dos jogadores de futebol e da exigente competitividade presente na rotina dos atletas de alta performance, o esporte carrega consigo, essencialmente, o poder de fomentar a coletividade e proporcionar um mundo melhor. 

 

Criado em junho de 2023, na Universidade Federal da Bahia, o Programa Paradesporto em Rede da Ufba, em Salvador, constrói, através de aulas de judô e jiu-jitsu, janelas de oportunidades de prática esportiva e socialização para mais de 40 pessoas com deficiência intelectual e visual.

 

Atualmente, o projeto, que é uma iniciativa do Ministério do Esporte via Secretaria Nacional do Paradesporto, tem alunos dos 3 aos 30 anos de idade e conta com oito monitores, sendo quatro deles bolsistas, todos estudantes do curso de Educação Física da Ufba. Além disso, o Paradesporto em Rede conta com o apoio de estudantes de outros cursos de graduação, tais como o Bacharelado Interdisciplinar em Saúde e o Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades, que colaboram como monitores voluntários.

 

O Paradesporto em Rede da UFBA começou a atuar em junho de 2023 (Foto: Raiane Carvalho e Rodrigo Behrens)

 

O coordenador do projeto é Rafael Kons, faixa preta pela Confederação Brasileira de Judô, Doutor em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina e professor adjunto da Universidade Federal da Bahia. Em conversa com o Bahia Notícias, Kons falou sobre a importância social da iniciativa e os impactos positivos do programa, que também atua em núcleos no Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Sergipe e Goiás.

 

“A socialização é o ponto chave do projeto! Conseguimos identificar uma conexão extremamente relevante entre os alunos, e uma relação excelente no processo de ensino-aprendizagem entre aluno-professor. Ainda, os valores repassados das artes marciais são peças-chave para um bom desenvolvimento social do praticante, dentro e fora dos tatames”.

 

Convicto de que o esporte tem um valor significativo no processo de crescimento e desenvolvimento humano, algo identificado pelos organizadores do projeto em suas diversas experiências pelos estados do Brasil, Rafael, que também é líder do grupo de estudo e pesquisa em lutas da Ufba, conta que uma das missões do Paradesporto em Rede está associada ao fato de oferecer uma modalidade que já pertença ao sistema paralímpico (neste caso, o judô) e uma não pertencente ao sistema (o jiu-jitsu), com a mesma execução se aplicando para os tipos de deficiência.

 

“O esporte associado às artes marciais transmite ainda mais benefícios para o processo de desenvolvimento integral. Valores como disciplina, caráter e educação são critérios pré-estabelecidos na prática das artes marciais. Dentro deste processo, acreditamos que a filosofia e disciplina presentes nas artes marciais auxiliam no crescimento intelectual, moral e espiritual dos praticantes”, explicou o coorndenador.

 

Mais de 40 alunos com deficiência intelectual e visual são contemplados com o projeto (Foto: Raiane Carvalho e Rodrigo Behrens)

 

Um dos alunos do Paradesporto em Rede é Julio, de 17 anos, que tem Síndrome de Down e participa do programa desde o início. Filho de Roqueline Socorro, moradora do bairro de Ilha Amarela, no Subúrbio Ferroviário, Julio só tem elogios sobre a experiência de frequentar o projeto.

 

“Tenho tido momentos muito maravilhosos com a prática do judô e mais uma inclusão para o meu desenvolvimento. Os professores nos tratam com amor e dedicação e entendem a nossa maneira de ser. Eu e meus amigos nos damos muito bem”, contou.

 

Torcedor do Bahia, Julio lembra com carinho quando entrou em campo com os jogadores do Esquadrão em comemoração ao Dia da Criança com Síndrome de Down, na Arena Fonte Nova. Feliz com o impacto positivo gerado pelo projeto, Roqueline falou como a vida do seu filho, e dos outros diversos alunos matriculados, mudou para melhor.

 

“O projeto é muito importante na vida do meu filho, no seu desenvolvimento intelectual, firmeza corporal, disciplina e socialização. O esporte trouxe para o Julio, como também para outras crianças, segundo o testemunho de algumas mães, mais controle emocional na escola, com seus colegas, mais obediência aos professores… Os que têm temperamento forte estão mais calmos. Meu filho tem Síndrome de Down, ele é calmo, mas o projeto tem ajudado bastante. Ele ama os professores, que são legais e preparados”, comentou a mãe de Julio.

 

Julio e a sua mãe Roqueline (Foto: Acervo pessoal)

 

Sobre o futuro, perspectivas e metas, Rafael Kons conta que a Secretaria Nacional do Paradesporto tem olhado com carinho para os projetos em execução e, em 2024, já pensa na possibilidade de ampliação do projeto.

 

“Nossa meta é dar seguimento ao trabalho. Oportunizando a participação em eventos como o Festival Paralímpico, festivais esportivos e também manter o foco em auxiliar na melhora do desempenho deles em tarefas diárias! Na perspectiva de manutenção do programa, a Secretaria Nacional do Paradesporto tem olhado com carinho os núcleos já em execução, pensando na possibilidade de ampliação para o próximo ano”, projetou Rafael.

 

Para entrar em contato ou conhecer mais sobre o Programa Paradesporto em Rede da Ufba, você pode ir até o perfil @lutas.ufba, no Instagram, ou mandar um e-mail para lutasufba@gmail.com.