Primeiro caso em granja comercial foi confirmado no RS; risco à população é baixo, mas exportações já foram afetadas
A gripe aviária passou a ser motivo de preocupação no Brasil após a confirmação do primeiro foco em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. O vírus identificado é o H5N1, um subtipo de alta patogenicidade que, embora afete principalmente aves, pode, em casos raros, ser transmitido a seres humanos.
Apesar de exigir vigilância e ações rápidas, a gripe aviária não deve ser motivo para pânico. Não há porque, por exemplo, evitar o consumo de qualquer produto de origem animal por conta da ocorrência do caso. Para esclarecer as principais dúvidas sobre o tema, o Metro1 reuniu as informações atualizadas de fontes oficiais e especialistas.
O que é a gripe aviária?
A gripe aviária é uma infecção viral causada pelo vírus influenza do tipo A, geralmente presente em aves. O subtipo H5N1 é considerado zoonótico, ou seja, pode ser transmitido de animais para humanos, mas ainda não apresenta capacidade de transmissão sustentada entre pessoas.
Como ocorre a transmissão?
O H5N1 se espalha principalmente por meio de aves migratórias, que carregam o vírus em suas fezes e contaminam ambientes como lagos, plantações e instalações de criação. A transmissão para humanos ocorre em casos de contato direto com aves infectadas ou superfícies contaminadas — especialmente em locais onde há manejo de aves vivas ou mortas.
Há risco para humanos?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o risco atual de infecção humana como baixo, já que o vírus ainda não consegue se espalhar de forma eficiente entre pessoas. Os casos relatados no mundo envolvem, em geral, trabalhadores rurais ou pessoas que tiveram exposição direta a aves contaminadas.
Apesar disso, a Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (SES) informou que um trabalhador da granja em Montenegro, onde foi detectado o caso brasileiro, apresentou sintomas gripais após ter tido contato com aves infectadas. Ele está em isolamento domiciliar e teve amostras coletadas para análise na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Em nota, a secretaria diz que intensificou o monitoramento de pessoas após a confirmação de casos de influenza aviária em animais na região.
É seguro consumir frango e ovos?
Sim. Segundo autoridades sanitárias, o consumo de carne de frango e ovos não representa risco de contaminação, desde que os alimentos estejam bem cozidos.Ao Metro1, o infectologista Adriano Andrade reforçou que o vírus não suporta altas temperaturas. “Dificilmente alguém vai pegar a gripe aviária por consumir produtos vindos dessas aves”, afirmou. O cuidado, no entanto, deve ser redobrado durante o manuseio de aves vivas ou abatidas, principalmente nas regiões com focos confirmados.
“Não há por que a gente evitar o consumo de qualquer produto de origem animal por conta da existência da gripe aviária ou tomar qualquer atitude preventiva. Lembrando que esse vírus circula entre aves desde 1997, portanto ele não é nenhuma novidade. Se ele ainda não causou uma pandemia humana, isso não significa que vai acontecer agora porque surgiu algum caso no Brasil”, completou o infectologista.
Medidas de prevenção
As principais formas de se proteger incluem: evitar contato com aves doentes ou mortas; comunicar imediatamente às autoridades qualquer suspeita de gripe aviária em aves e seguir as recomendações de órgãos de Saúde e defesa agropecuária.
Ainda segundo o infectologista consultado pelo Metro1, por enquanto, as medidas cabem exclusivamente aos profissionais que lidam diretamente com aves. “A doença não se transmite de ser humano para ser humano, portanto, não há porque a população, em geral, tomar qualquer atitude preventiva”, explicou.
Qual a situação no Brasil?
O Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou a presença do vírus em aves de uma granja no Rio Grande do Sul. Em resposta, foi decretada emergência zoossanitária, com medidas como o abate imediato dos animais infectados, restrições ao comércio na área afetada e reforço na vigilância sanitária.
Impacto no comércio nacional e internacional
O governo suspendeu o comércio de aves e derivados em um raio de 10 km ao redor do foco detectado em Montenegro. A extensão dessa área pode mudar conforme o avanço das investigações. Com a confirmação do surto, 38 países adotaram algum tipo de restrição às importações de produtos avícolas do Brasil. Entre eles estão China, União Europeia, Japão, Canadá, Argentina, Coreia do Sul e Malásia. No caso de alguns países, como Japão e Arábia Saudita, as restrições valem apenas para o estado do Rio Grande do Sul ou para os municípios afetados, conforme estabelecido em protocolos sanitários bilaterais.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, informou que o governo federal já iniciou negociações com os parceiros comerciais para restabelecer o fluxo de exportações, destacando a transparência e a agilidade das ações de contenção adotadas no Brasil.
POR METRO1
