Consciência Negra na Saúde: dermatologista alerta sobre cuidados com a pele no verão

Confira as dicas da dermatologista Hadassa Barros em relação a cuidados com a pele preta

Até hoje, há quem acredite que a pele preta não precisa de cuidados – mas os números mostram o contrário: segundo dados do Ministério da Saúde, o câncer de pele é o mais incidente no Brasil, e representa cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país.

E, de acordo com um estudo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, apresentado no XXI Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, a população preta é a que desenvolve a forma mais grave da doença, o melanoma acral. Esse tipo de câncer atinge braços e pernas e é o menos frequente entre os melanomas. No entanto, segundo a pesquisa, é o mais comum entre as pessoas de pele negra.

Segundo a dermatologista Hadassa Barros, membro da Skin of Color Society, o que leva muita gente a acreditar que a pele preta não precisa de tantos cuidados é o fato dela não sofrer tanto no sol quanto peles mais claras.

“Existem fototipos dentro da classificação dermatológica, que é de 1 a 6, sendo que a pele negra é de 4 a 6. E o que acontece é que a pele negra não queima, bronzeia, com algumas exceções. Teoricamente, a pele negra não sofre no sol, você não vai sentir dor porque bronzeou. Então, acreditou-se por muito tempo que a pele negra não precisava de protetor”, explica ela.

E isso acontece porque, como detalha a médica, a melanina funciona como um fator de proteção para a pele. “Existe uma proteção natural que corresponde a um FPS 13, a depender do fototipo. A gente tem uma camada de melanina que, digamos assim, se organiza em praticamente todas as camadas celulares da epiderme. E o que a melanina faz é servir de ‘chapéu’ para a célula. Então, já é uma proteção adicional”, afirma.

Mas, por mais que esse FPS natural já quebre um galho, ele não é suficiente para garantir uma proteção plena da pele: por isso, o uso de protetor solar todos os dias é necessário. “Apesar de ser maravilhosa, a pele preta tem mais chance de manchar. E o que previne as machas é o protetor solar”. Para o dia-a-dia, Hadassa indica, pelo menos, um protetor solar FPS 30 para pele preta. Na praia, além de aumentar o FPS, é necessário reaplicar a proteção.

Para quem tem melasma, o cuidado precisa ser ainda maior, já que qualquer contato com o sol potencializa a doença, que é crônica e não tem cura. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), estima-se que o melasma atinja cerca de 35% das mulheres no Brasil. E, ainda segundo a SDB, a pele preta é mais suscetível a manchas do que as de tons mais claros. Isso acontece porque, como aponta Hadassa, a “célula que produz a melanina é instável”:

“Se você se arranha, já fica uma mancha. Se coça, também. Na pele branca, geralmente, isso não acontece. Por isso, não pode parar de tratar”.

Rotina

Se você for do tipo que prefere usar base ao invés de protetor solar, a dermatologista avisa: o pigmento da maquiagem protege, sim, a pele do sol, mas, está longe de ser suficiente.

“Vamos falar a realidade? Para você construir um protetor solar existem muitos estudos, muita ciência, para comprovar que protege aquele FPS 50, 60, que ela promete. É muita ciência. Aí você pega uma base, não existe aquele estudo todo. Vai proteger alguma coisa? Vai. É melhor usar ela do que não usar nada? Sim. Mas, eu nunca trocaria uma base com protetor por um protetor com base”.

Confira, abaixo, as dicas da dermatologista Hadassa Barros em relação a cuidados com a pele preta:

1. No dia-a-dia, use protetor solar com, no mínimo, FPS 30;

2. Na praia ou em exposição ao sol, use protetor solar FPS 40 ou mais, e reaplique o produto;

3. Para quem usa maquiagem, há duas opções: antes de passar os produtos, mesmo que a base já tenha FPS, use protetor solar incolor, ou, ao invés de usar base, use protetor solar com cor.

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