Com chance de distrato, Jerônimo pressiona empresas a cumprirem prazos da Ponte Salvador-Itaparica

Bahia
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O custo da obra é o ponto crucial destacado por Jerônimo para o imbróglio. O orçamento, inicialmente de R$ 6 bilhões, agora, é de R$ 13 bilhões

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), assegurou que o governo do estado “vai iniciar a obra” da Ponte Salvador-Itaparica. Nesta segunda-feira (21/8), em Salvador, ele disse que deu prazos à concessionária, mas reiterou novamente que, caso não haja cumprimento das demandas da gestão baiana, haverá distrato a fim de abrir novo processo licitatório.

“Conversamos com o consórcio, mas também demos prazo a eles. Agora, com o governo federal ao nosso lado, também podemos fazer isso. Dentro dos prazos que eles acharam que podem fazer os estudos, apareceram algumas pendências. A pendência justamente de qualificar o custo da obra”, explicou, em entrevista coletiva.

O custo da obra é o ponto crucial destacado por Jerônimo para o imbróglio. Segundo ele, o preço inicial, estimado em R$ 6 bilhões, pode chegar a mais de R$ 13 bilhões. Isto se deve, principalmente, ao aumento no preço dos insumos, promovido pela crise global gerada pela pandemia da Covid-19.

“Assim que tivermos as respostas, podemos definir o prazo. Se tiver algum empecilho que a gente perceba que vai demorar muito, podem ter certeza que tomarei a decisão de distratar e fazer um novo processo de licitação”, sentenciou.

O petista, contudo, garante que há articulações amigáveis com o consócio formado pelas empresas China Railway 20th Bureau Group Corporation (CRCC20) e China Communications ConstructionCompany (CCCC).

Na última quarta-feira (16/8), o chefe da Casa Civil do governo, Afonso Florence, se reuniu com representantes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com intuito de negociar a disponibilização de linha de crédito “para responder à demanda do consórcio”. Conforme o governador, o incentivo serviria para “ajudar o consórcio a ter orçamento para dragagem e sondagem”.

Dragagem e sondagem, inclusive, seriam os próximos passos que precederiam as obras para instalação da estrutura que ligaria Salvador à Ilha de Itaparica. Jerônimo esclareceu que o governo do estado possui os recursos para estes serviços. No entanto, a negociação inclui a possibilidade de que as empresas custeiem esta etapa, sendo ressarcidas na sequência.

“Portanto, é preciso fazer uma equalização e nós entendemos isso e estamos nos colocando à disposição do consórcio”, declarou. Na quinta-feira (17/8), o gestor também teve audiência com o embaixador do Brasil na China, Marcos Galvão, para pedir intermediação no diálogo com o governo chinês.

CRÍTICAS AO ANTIGO GOVERNO
Além das dificuldades econômicas geradas pela crise, Jerônimo ainda atribuiu o atraso ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, não houve amparo federal, nesta época, para discussões com o governo chinês.

“Naquele momento, em que nós concluímos o projeto da ponte, se tivéssemos um governo como o do presidente Lula, talvez não precisaríamos buscar construtoras tão longe, porque faltou, naquele momento, apoio do governo federal para nos ajudar a negociar”, criticou.

Ele destacou que Lula se reuniu no início do ano com o presidente da China, Xi Jinping, no intuito de pedir apoio para dar prosseguimento à construção da estrutura. Além disto, o chefe de Estado brasileiro autorizou o Banco do Nordeste e o BNDEs a cofinanciarem parte do projeto.