Acidente que ocorreu no domingo (21), em Madre de Deus, deixou oito mortos. Filha e neto do piloto estão entre as vítimas fatais.
A Justiça negou o pedido de prisão preventiva do piloto Fábio Freitas, condutor do barco que naufragou no último domingo (21), em Madre de Deus, cidade na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
A solicitação havia sido feita pela 17ª Delegacia Territorial do município (DT/Madre de Deus), que investiga o caso.
Como indica a decisão judicial publicada nesta sexta-feira (26), a autoridade policial argumentou que “(…) mesmo se não existisse o instituto do dolo eventual, a conduta de Fábio Freitas configura o homicídio, já que ele se colocou na posição de garantidor do bem jurídico (vida) e assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e com o seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência das mortes”.
Ao negar o pleito, a juíza de Direito em substituição, Andrea Teixeira Lima Sarmento Netto, acatou o posicionamento do Ministério Público da Bahia. Para o MP-BA, há “contradições e fragilidade quanto à prova até o momento colhida”.
Entre as contradições está o número de passageiros na embarcação no momento do acidente. Uma testemunha disse que havia 32 pessoas a bordo, enquanto um segundo depoente disse que 13 a 15 passageiros estavam no barco. A capacidade da embarcação era para 10 pessoas.
Relato de ameaça e invasão
Em entrevista à TV Bahia, na quarta-feira (24), o piloto afirmou que foi ameaçado para fazer o transporte irregular.
Ele conta que estava curtindo o domingo com a família e parou no píer da Ilha de Maria Guarda para buscar a filha, Flaviane Jesus dos Santos, que estava em uma festa no local. Nesse momento, a embarcação teria sido invadida.
“Quando encostei, aquele pessoal entrou no barco. Pedi para saírem, porque o barco não era para transporte, mas eles não saíram, se sentaram e eu não tinha como tirar eles do barco”, disse Fábio Freitas.
Entre as vítimas fatais do acidente estão Flaviane, de 29 anos, e o filho dela, Jonathan Miguel, de 9.
![Flaviane, filha do comandante, e Jhonatan, neto dele, morreram após o naufrágio — Foto: Arte g1](https://s2-g1.glbimg.com/NUqnc76jLQ0lnG0gzeFYx4Np3Ww=/0x0:1030x600/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/H/5/aR8BKiReSrQJQhpj5QRA/170611055213346.jpg)
Flaviane, filha do comandante, e Jhonatan, neto dele, morreram após o naufrágio — Foto: Arte g1
O piloto também negou que tenha cobrado passagem aos passageiros — um sobrevivente disse que uma briga por conta do pagamento de R$ 10 pela travessia provocou o acidente.
“Não fretei o barco para ninguém. Nunca fretei, porque ele não é barco para isso”.
Tragédia em Madre de Deus
Após o acidente, na noite de domingo (21), seis corpos foram encontrados na segunda-feira (22) e outros dois na terça (23).
A embarcação fazia o trajeto da Ilha de Maria Guarda para Madre de Deus, por volta das 22h, com passageiros que voltavam de uma festa.
As vítimas fatais são seis adultos e duas crianças:
- Ryan Kevellyn de Souza Santos, de 22 anos;
- Flaviane Jesus dos Santos, de 29 anos;
- Jonathan Miguel de Jesus Santos, de 7 anos;
- Caroline Barbosa de Souza, de 17 anos;
- Rosimeire Maria Souza Santana, de 59 anos;
- Hayala dos Santos Conselho, de 32 anos;
- Alicy Maria Souza dos Santos, de 6 anos;
- Vandersson Epifânio Souza de Queiroz, de 42 anos.
Outras 10 pessoas foram hospitalizadas inicialmente, e pelo menos quatro delas seguem em hospitais de Salvador e Lauro de Freitas, também de acordo com a decisão judicial.
Uma das sobreviventes é a criança Laura Sofia, de apenas 1 ano, que estava no Hospital do Subúrbio, na capital baiana.
A assessoria de comunicação da unidade de saúde confirmou que a menina já recebeu alta médica, mas a data não pôde ser informada.