Papa Francisco havia sido internado em 14 de fevereiro no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma
O Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, no Vaticano. O pontífice faleceu na Casa Santa Marta, residência onde vivia. A informação foi confirmada após uma breve aparição do Papa no domingo de Páscoa.
Francisco havia sido internado em 14 de fevereiro no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, com diagnóstico de dupla pneumonia. Após 38 dias de internação, retornou ao Vaticano, onde fez poucas aparições públicas.

Nos últimos anos, o Papa enfrentou uma série de problemas de saúde. Em 2021, foi submetido a uma cirurgia para retirada de parte do cólon, devido a uma inflamação intestinal. Dois anos depois, passou por um procedimento para correção de uma hérnia abdominal e remoção de tecido cicatricial. Em 2023, esteve internado por três dias para tratar uma bronquite com antibióticos.
O ano de 2024 também foi marcado por internações. Em dezembro, o pontífice apareceu com hematomas no rosto. Desde 2022, utilizava cadeira de rodas em razão de complicações nos joelhos.
Eleito em 13 de março de 2013 como o 266º papa da Igreja Católica, Francisco foi o primeiro latino-americano e o primeiro membro da Companhia de Jesus a assumir o posto. Sucedeu o Papa Bento XVI, que havia renunciado ao cargo por motivos de saúde.
Com a morte de Francisco, a Igreja entra em estado de sede vacante, período que antecede a escolha de um novo papa por meio do conclave.

Perfil e legado
Filho de imigrantes italianos, nascido em Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome Francisco em referência a São Francisco de Assis. Sua trajetória foi marcada por uma vida austera e pela defesa dos pobres e marginalizados.
Durante seu período como arcebispo de Buenos Aires, optou por morar em um pequeno apartamento e deslocava-se por transporte público. “O meu povo é pobre e eu sou um deles”, afirmava.
À frente da Igreja, manteve o compromisso com a simplicidade e buscou aproximar o Vaticano das questões sociais. Destacou-se também por sua postura acolhedora em relação à comunidade LGBTQ+. Ao ser questionado sobre homossexuais, declarou: “Quem sou eu para julgar?”.

Em dezembro de 2023, aprovou formalmente a bênção a casais do mesmo sexo, desde que fora de cerimônias litúrgicas. Diante das críticas à decisão, reagiu: “Ninguém se escandaliza se eu der minhas bênçãos a um empresário que talvez explore pessoas, e isso é um pecado muito grave. Mas eles se escandalizam se eu as dou a um homossexual. Isso é hipocrisia”.
Antes de morrer, Francisco expressou o desejo de ser sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, em vez do tradicional túmulo papal no Vaticano. Será o primeiro pontífice enterrado no local desde 1669.
Seu pontificado, de 11 anos, foi marcado por reformas, gestos de humildade e defesa dos mais vulneráveis.