Equipe de Daniela Mercury aciona jurídico e sugere novo nome para arena do Festival Virada Salvador após mudança repentina

A mudança repentina no nome da antiga Arena Daniela Mercury, espaço na região da Boca do Rio que recebe o Festival Virada Salvador, pegou de surpresa não só o público do evento como também a cantora, que já havia sido surpreendida com a ausência do dia 1º de janeiro no calendário da Prefeitura de Salvador para a celebração do Réveillon na capital.

Ao Bahia Notícias, a equipe da Rainha do Axé informou que não foi informada previamente sobre a mudança, que, de acordo com a Prefeitura de Salvador, teve como motivação uma recomendação do Ministério Público. Malu Verçosa Mercury, esposa da artista e assessora, pontuou ainda que o jurídico foi acionado para ajudar a entender o que aconteceu.

“Fomos pegos de surpresa pela mudança do nome da Arena Daniela Mercury depois de quase 10 anos da homenagem. Ainda não vi a orientação do Ministério Público para falar com mais clareza sobre o assunto. Acionei o nosso jurídico para checar as informações e estou aguardando”, afirmou.

Para Malu, a perda não é apenas por Daniela como artista, mas pelo que a cantora representa para a cultura baiana com a criação do Pôr do Som e toda colaboração dela ao longo da carreira para a Axé Music e MPB.

“Sinto que a cidade perde mais uma vez. Ao homenagear Daniela Mercury, o então prefeito ACM Neto não se referiu à pessoa física de Daniela e sim ao legado e à contribuição dela para a cultura da nossa cidade, do nosso estado e do nosso país. Além disso, uma mudança importante como essa deveria ter sido mais transparente”, sugeriu.

A jornalista citou ainda que a equipe buscou a Saltur para propor uma alteração que consiga contemplar todos os atores afetados com a mudança, para fazer jus ao nome anterior.

“Sugeri à Saltur a mudança para Arena Canto Da Cidade, que me parece justo à história do samba reggae e à importância da canção na projeção da Axé Music no mundo todo. A construção da identidade de uma cidade passa pela construção cultural do seu povo.”

A Lei Federal n° 6.454/1977, que foi citada pela Prefeitura de Salvador em uma indicação do Ministério Público e que provocou a mudança do espaço, informa no Art. 1o que:

“É proibido, em todo o território nacional, atribuir nome de pessoa viva ou que tenha se notabilizado pela defesa ou exploração de mão de obra escrava, em qualquer modalidade, a bem público, de qualquer natureza, pertencente à União ou às pessoas jurídicas da administração indireta”.

A cantora foi escolhida para homenagear o espaço do Festival Virada em 2016, quando o evento ainda acontecia na Praça Cairu, no Comércio.

Na época, a decisão foi tomada após uma polêmica sobre uma mudança no Carnaval quando a então vereadora Vânia Galvão (PT) propôs que o nome da cantora baiana substituísse o de Dodô, um dos criadores do trio elétrico, no circuito Barra-Ondina, com a justificativa de que Daniela tinha sido uma das primeiras artistas a desfilar no circuito.

Na época, a indicação foi rejeitada por unanimidade pelo Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), e o então prefeito ACM Neto decidiu realizar a homenagem no Réveillon da cidade.

DESEJO DE MANTER A FESTA

Sem uma definição sobre o evento ser, ou não, abraçado pela Prefeitura de Salvador, a equipe de Daniela Mercury afirmou que o desejo é de realizar o Pôr do Som, que se tornou uma tradição no calendário baiano.

“Se realmente houver um movimento para não realizar o Pôr do Som, terei que repensar com minha equipe uma forma de não deixar morrer um evento tão importante para nossa construção cultural e que é TRADIÇÃO na nossa cidade. Tradição a gente preserva. É isso que nos forma como povo”.

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